Escrevo estas palavras do fundo do coração. Cada frase, cada parágrafo, compõem um pedaço da minha história que sinto impelido a compartilhar. O que vai ler a seguir é o resultado de uma caminhada que já dura mais de 20 anos. Não acredito ter descoberto nenhuma verdade, apesar de ser isso o que exatamente eu estava buscando. Nem acho que o esforço em si é digno de algum mérito ou reconhecimento. Justamente por que levei tanto tempo pra chegar onde cheguei é que escrevo. Pra tentar ajudar outras pessoas a encontrarem a felicidade num tempo muito mais curto. Acredito que o avanço da humanidade consiste em absorver dos antepassados o aprendizado e colecionar novos aprendizados a partir de experiências anteriores. Se tivéssemos que percorrer sempre o mesmo caminho com o mesmo gasto de energia não sairíamos do lugar. Vivemos em uma era cujo desenvolvimento de novas tecnologias cresce num ritmo exponencial. Nem sequer conseguimos perceber naturalmente a dimensão do que isso significa. Nunca antes na história da humaninade houve uma era em que o poder de difusão de informação fosse tão grande. Basta olharmos em volta e perceber que a humanidade está sim avançando, mas a pergunta que fica é: em qual direção?
Desculpe a redundância, mas quero deixar claro que aqui trago apenas uma perspectiva, que penso ser única, pois somos indivíduos, e cada um de nós tem uma maneira única de perceber a existência. Por isso insisto, não trago uma verdade, apenas um ponto de vista que, espero, possa ajudar o maior número de pessoas possível a viverem uma vida que vale a pena ser vivida.
Pra onde vamos?
Vivemos em plena pandemia de saúde mental. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 1 em cada 8 pessoas do mundo vive com algum tipo de desordem mental, que é definida por um significativo distúrbio dos pensamentos, emoções e comportamentos (fonte: WHO, 2022). Estamos falando de quase 1 bilhão de pessoas em sofrimento! Aí estão incluídas cerca de 58 milhões de crianças e adolescentes. Se compararmos com a pandemia de COVID-19 que oficialmente contabiliza até o momento cerca de 700 milhões de casos, ela é muito pior, pois uma pessoa contaminada com COVID-19 se recupera na maioria dos casos. Uma pessoa com problema de saúde mental continua com a doença de maneira crônica por décadas, muitas vezes influenciando negativamente ou até adoencendo as pessoas que estão ao redor. Segundo esta mesma instituição, apesar de haverem medidas efetivas de prevenção e tratamentos, a maioria das pessoas com disordem mental não tem acesso a esse conhecimento. E, pra piorar, acrescentam: "Muitas pessoas também sofrem estigma, discriminação e violações dos direitos humanos". Como se não bastasse estar doente, ainda sofrem uma retaliação da própria sociedade em que vivem.
Em alguns lugares específicos a situação é ainda pior. Países muito desenvolvidos surgem nas estatísticas com quase metade da população sofrendo com estresse, depressão e ansiedade. Isso é um grande indicativo que a riqueza não traz felicidade por si só. Há um relatório que traz o índice de felicidade mundial, onde os países são ranqueados de acordo com a média das respostas que as pessoas amostradas em cada país dão para a pergunta: "Qual o nível de satisfação da sua vida hoje numa escala que varia de 0 (completamente insatisfeito) a 10 (completamente satisfeito). Nos países nórdicos encontramos as pessoas mais satisfeitas, com a nota chegando a quase 8 na Finlândia. Por outro lado, o Afeganistão e Líbano aparecem em últimos lugares, com as notas perto de 2. Você pode acessar o relatório completo pelo seguinte link: World Happiness Report 2023.
Comparar as perguntas sobre o quanto está satisfeito com a vida e se você é feliz pode gerar confusão, mas o que se percebe com as informações disponíveis é que o dinheiro tem relevância até certo ponto. Comparando os extremos é fácil perceber que países vivendo na miséria, tais como Afeganistão com GDP per capita da ordem de US$450 versus a Finlândia com mais de US$50 mil, o impacto do dinheiro no indice de felicidade é muito significativo. É preciso ressaltar que, infelizmente, em muitos países as pessoas não tem as condições mínimas para garantir sequer sua sobrevivência. Se aspectos básicos como alimentação, saúde e moradia não são atendidos, como esperar que, de maneira geral, as pessoas sejam felizes? Por outro lado, a partir de certo ponto o saldo bancário não se correlaciona com a felicidade. Notem que a população dos dois países mais felizes, Finlandia e Dinamarca, são significativamente menos ricos (19.º e 10.º respectivamente) e Luxemburgo e Irlanda não são os mais felizes (9.º e 14.º respectivamente em termos de riqueza ou GDP per capita). Isso é muito importante para entendermos que nossa infelicidade não é causada pelas cirsustâncias por si só, não basta melhorar de vida. Se tivesse o poder de dar a uma pessoa toda a riqueza do mundo, aida assim isso não garantiria sua satisfação plena. Queremos sempre mais e mais. Isso não é um problema, pelo contrário. No entanto, imaginar que estas conquistas garantem a felicidade é um engano.
A história que vou contar adiante reflete exatamente isso. Durante certo período de tempo persegui o tal "sucesso". No entanto, quando alcancei um determinado objetivo, percebi que a felicidade esperada não fora atingida. Essa jornada além de catastrófica e dolorosa só me levou a uma sucessão de erros e frustrações. Pelo que tenho lido, pesquisado e verificado, a satisfação trazidas pelos bens materiais tem um efeito positivo, porém muito curto e superficial. Muitos sacrificam uma vida inteira buscando certos objetivos e quando os alcançam concluem que o esforço não valeu a pena ou não trouxe uma satisfação permanente. Alguns perdem tempo e a saúde no caminho, e quando conseguem todo o dinheiro pretendido, não tem mais as condições físicas para aproveitá-lo. Parece que o que vejo nos gráficos é o mesmo que eu percebi na minha vida. O estresse, burnout, adoecimento mental, etc, é um preço muito caro que muitos estão pagando em busca de riquezas materiais. Parece que os resultados para onde estamos indo como população global em geral não está surtindo muito efeito positivo, pois estamos alcançando muitos feitos imponentes, ficando mais ricos, no entanto estamos ficando mentalmente doentes. Além disso, ainda discriminamos e violamos os direitos humanos, conforme citado no relatório da WHO. Como se não bastasse não fazemos nada pra ajudar os irmãos mais necessitados, que passam fome todos os dias, que perdem seus entes queridos para doenças que já sabemos como controlá-las. Financiamos guerras e as assistimos ao vivo no conforto de nossas casas. Pra piorar o cenário, no percurso do desenvolvimento, estamos destruindo esse nosso planeta maravilhoso.
Espero que minhas reflexões provoquem em você uma inquietação. Todo ser humano é dotado de uma certa dose de compaixão. Apelo para a sua. Precisamos rever nossas escolhas e entender o papel que temos no mundo. Até uma ameba, que é um ser unicelular, é capaz de existir neste mundo, se multiplicar e gerar descendentes. O ser humano se diferencia dos animais por ser uma criatura com um poder intelectual avançado, mas temos que usar o intelecto ao nosso favor e não contra nós mesmos. Esse parece ser o caminho da felicidade plena.
A seguir vou compartilhar um pouco da minha história, falar sobre minhas escolhas mais importantes, o que não deu certo e o que deu certo. Até lá.
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